domingo, 14 de setembro de 2014

Formação em baixa visão







Aconteceu nos dias 10, 11 e 12 de Setembro, no Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual, em Feira de Santana, um encontro Formativo para Professores. A temática trabalhada foi Baixa Visão e Adaptação de Materiais. O Núcleo de AEE de Casa Nova se fez presente por  intermédio de Douglas Oliveira e Samia Oliveira. O ápice do encontro foi a palestra com o Dr. Pedro Gantois, oftalmologista, que abordou as causas da cegueira e baixa visão e a elaboração dos materiais adaptados para crianças com baixa visão ou cegas.

sábado, 13 de setembro de 2014

A segunda Língua da nação brasileira – LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS


A realidade hoje é que finalmente precisamos nos dar conta que temos de fato uma minoria linguística atuante, vibrante, viva, participativa e que clama por seus direitos. O direito ao ensino de qualidade. A uma educação com acessibilidade em LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais.
Há tempos os Surdos lutam por igualdade de direitos, e aos poucos alcançaram garantias asseguradas em Leis. Se hoje a realidade é outra, nem sempre foi assim, pois historicamente os Surdos encararam diversos tipos de preconceitos e perseguições através dos séculos. Em algumas culturas, eram sacrificados, atirados de penhascos, e isolados. Algumas famílias renegavam-os a viverem nas ruas, como indigentes e incapazes. Alguns filósofos consideravam os Surdos como indivíduos nulos intelectualmente, já que para ser pensante seria necessário o uso preciso da fala. A Igreja católica por muitos anos não aceitava o batismo de Surdos. Eles também não eram consagrados nas missas, pois não podiam confessar pecados. Assim, não tinham “alma” e não podiam adorar a Deus.
Porém, foi também dentro da Igreja que surgiu o primeiro olhar especial sobre o individuo Surdo. Foi em meados de 1750, quando o abade Charles-Michel de L'Épée, de Versailles,  depois de ser recusado como padre, devido suas posições diante de movimentos de reforma religiosa da época, voltou sua atenção para os Surdos, ao perceber a língua gestual entre duas jovens irmãs surdas. Ele acreditou a partir de então, que era possível a comunicação entre Surdos, e isso o levou a fundar um abrigo onde acolheu surdos, e que mantinha com seus próprios recursos. Inicialmente o que o movia era a ideia de salvar os Surdos através do direito aos sacramentos da igreja. Ele passou a desenvolver a comunicação com os Surdos, e convidou estudiosos na época, além do público em geral, para partilhar desse novo achado. O seu abrigo tornou-se a primeira escola de surdos, reconhecida mundialmente. Os seus métodos de estudos da língua de sinais espalharam-se pelo mundo, e outros educadores, filósofos e estudiosos se debruçaram sobre ela, fortalecendo sua estruturação e logo outros países passaram a usar a língua de sinais, tendo como base os estudos de Charles-Michel de L'Épée. O Brasil foi um desses e Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES) foi a primeira escola para surdos no Brasil, sendo fundada em 1857. Existem outros registros anteriores a ele, de estudiosos que reconheciam a língua de sinais, mas, Épée se destacou por sua dedicação e forte divulgação da língua de sinais, treinando outros, partilhando seus conhecimentos com outros educadores da época, além do público que tivesse interesse em se comunicar com os Surdos. Ele foi também colaborador para que mais escolas para surdos fossem abertas em outros países. Merecedor que ele seja considerado hoje, como um dos fundadores da educação para Surdos.
No Brasil a luta para o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais foi marcada por conflitos e disputas legais e pedagógicas acirradas. Defensores do oralismo até hoje se mantém firmes contra o uso de LIBRAS, mas, os Surdos lutam incansavelmente pelo direito ao uso de sua língua materna. Com sucesso, a Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002, foi decretada e sancionada, reconhecendo a LIBRAS como língua oficial dos Surdos do Brasil. A partir dela, muitas outras conquistas foram sendo firmadas. Mais decretos e outras leis fortaleceram os direitos a acessibilidade em LIBRAS, bem como o direito a inclusão dos Surdos em salas regulares, o direito a presença do profissional de interpretação de LIBRAS em salas de aula e em entidades públicas, o direito ao instrutor Surdo e de professores bilíngues (Decreto 5.626/2005 que regulamenta a Língua Brasileira de Sinais como disciplina curricular). Em 2007, a estrutura de LÍNGUA foi aplicada a Libras, sendo ela reconhecida como uma língua nata com complexidades próprias, e somente recentemente, em 2010, foi regulamentada a profissão de Tradutor\Intérprete de Libras). A escola passou a assumir a responsabilidade pelo ensino em LIBRAS, garantindo ao Surdo o desenvolvimento e aprendizado de qualidade, atendendo sua especificidade linguística.

A REALIDADE, OS DESAFIOS E AS CONQUISTAS
Se temos de um lado a inclusão com suas propostas de vivências e partilhas, do outro temos a realidade que fortemente derruba a suposta boa teoria da inclusão do Surdo. Os surdos devem, por Lei, ter acesso ao ensino de sua língua materna, LIBRAS, nas series inicias, em salas especiais, com a presença de seus pares, com a presença do professor surdo, e professores bilíngues. A partir das séries finais, o Surdo deve ser aceito em salas regulares e ter a presença do profissional intérprete de LIBRAS. A aquisição da língua portuguesa escrita deve ser sua segunda língua, ou língua de instrução. Os resultados positivos dessa base são notórios nas conquistas de Surdos que hoje cada vez mais ingressam em faculdades, são aprovados em concursos, se profissionalizam em diversas áreas. O que não constam nas pesquisas, o que não se divulga abertamente é a dura realidade dos Surdos nesse longo processo de inclusão. Quando a Lei garantiu a inclusão do Surdo, professores foram pegos de surpresa, sem noções da Cultura Surda, sem conhecimento de LIBRAS, sem compreensão da Lei de acessibilidade. Mas, essa realidade não mudou muito em todos esses anos. Os Surdos ainda passam todos os dias por situações de preconceito, de solidão, de conflitos existências, por conflitos emocionais, e ainda estão em desigualdade no acesso ao conhecimento. As políticas educacionais muitas vezes não saem das propostas belamente escritas e assinadas. As verbas por alunos Surdos são reais, pontuais e corretas. Mas, a realidade da qualidade de ensino para o Surdo passa por caminhos escusos e falhos.
A inclusão não resolve a falta de informação do colega ouvinte que nunca conheceu um surdo, que não sabe como ele pensa como ele age, e reage. A escola em si nunca foi preparada para receber um aluno surdo. Os profissionais de interpretação acabam assumindo em sala a responsabilidade por desenvolver métodos de melhor compreensão dos conteúdos para o aluno Surdo. São profissionais muitas vezes sem práticas pedagógicas, que atuam solitários e sem capacitação muitas vezes. A necessidade desses profissionais trouxe para as salas de aulas, intérpretes caridosos, parentes de surdos e evangelizadores. Esses nem sempre buscam se profissionalizar, penalizando duramente o aprendizado do aluno Surdo. Muitos professores não reconhecem a capacidade do Surdo, enquanto outros exigem que eles dominem 100% a Língua Portuguesa escrita. Os métodos avaliativos são feitos para alunos ouvintes, para citar apenas algumas das dificuldades do Surdo. Porém são vitoriosos os Surdos que com todas essas barreiras chegam a conquistar seus objetivos.
Em Petrolina, recentemente, a professora Surda, Joyce Alencar passou em 1º lugar na UFPB. Já está atuando como professora universitária. Ela sempre freqüentou as escolas de Petrolina, além de se formar em LETRAS LIBRAS. Questionada sobre como conseguiu atingir sua profissionalização, ela afirma claramente que teve acesso desde a então 1ª série a aquisição de LIBRAS, juntamente com a Língua Portuguesa escrita, com professoras que dominavam LIBRAS, com a presença de Instrutores Surdos. Isso deu a ela base para cursar uma faculdade, passar em um concurso federal. Em Petrolina também outros Surdos fizeram o mesmo caminho. Buscaram cursar faculdade de LETRAS LIBRAS, em Salvador, na Paraíba, ou através de faculdades AED.  No momento, alguns já cursam Pedagogia, outros passaram em concursos federais, como é o caso de Sebastião Nascimento. Funcionário dos Correios já há alguns anos.
Embora as escolas estejam abertas para a inclusão do Surdo, é cruel que hoje ainda existam crianças em salas regulares sem acesso a LIBRAS. Essas crianças, nas séries inicias, estão sozinhas, sem seus pares, sem poderem desenvolver a aquisição de sua língua materna, sem a presença de professores bilíngües, sem a presença de instrutor Surdo diariamente. Sofrerão futuramente, pois no momento está em sala de aula, apenas copiando não lhes garante nenhum aprendizado, nenhum desenvolvimento. Essa não é uma realidade apenas de Petrolina. Em muitos outros estados do Brasil crianças Surdas vivem nesse momento o mesmo dilema. A educação é um direito de todos. Mas, as crianças Surdas ainda estão em posição de desigualdade. Existe um descaso claro, aberto, e irresponsável por parte de lideranças educacionais nesse sentido. Reconhecidamente a luta é de todos, os esforços devem ser de todos, mas, a quem cabe de direito zelar por essas crianças ainda é no momento da Secretaria de Educação do Município de Petrolina. Apesar das denúncias, percebemos que algumas medidas tímidas foram tomadas, mas, diante dos fatos, inegavelmente as crianças Surdas estão fadadas a um retrocesso educacional. Futuramente teremos mais alunos surdos fora da faixa etária em séries finais, empurrados, sem serem alfabetizados, com problemas de sociabilidade, com entraves emocionais e excluídos.
A luta dos Surdos no momento em todo país é pelo direito a escolas Bilíngues. Alguns estados já possuem escolas bilíngües, e em Petrolina a luta ainda é que pelo menos as crianças surdas atendidas pela Secretaria de Educação do Município tenham acessibilidade em LIBRAS diariamente. Uma dura verdade a se pensar e um apelo também, pelo direito a acessibilidade em LIBRAS para todos, mas, em especial para essas crianças, que são parte de nossa comunidade, Surdos Petrolinenses, que precisam ter igualdade de direitos e respeito acima de tudo.

Maria da Conceição Pereira Soares
Educadora, Jornalista, e Intérprete de LIBRAS

Secretaria de Educação Governo do Estado de PE.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

VII Seminário Educação Inclusiva: Direito à Diversidade
















Entre os dias 25 e 29 de agosto, foi realizado no Petrolina Palace Hotel, o VII Seminário Regional de Formação de Gestores e Educadores do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. Uma mesa de abertura, o canto de Hino Nacional e a apresentação da “Dança com Arco”, protagonizada por alunos com e sem deficiência da Escola Municipal Nossa Senhora Rainha dos Anjos (CAIC), antecederam a palestra de abertura ministrada pela professora Fabíola Maria Freire Araújo, responsável pela área da Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação de Petrolina, abordando o tema: Políticas Públicas Intersetoriais para a eliminação das barreiras que impedem o acesso e a permanência de pessoas com deficiência nas escolas. O professor Heitor Bezerra Leite, secretário municipal de Educação, fez um pronunciamento, concluindo os trabalhos da manhã.

No período da tarde foram realizadas três oficinas na área da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais por professoras especialistas em Atendimento Educacional Especializado (AEE). As professoras Elisabete Campinho e Rosilene Gomes da Silva ministraram a oficina “Sistema braile”. A psicopedagoga e intérprete de Libras, Vivian Cerqueira, apoiadas por instrutores surdos, realizou a oficina “Deficiência Auditiva: aspectos relevantes para a inclusão”. As professoras Noeli Dias Pereira Martins e Lourença Zurildes Ferreira, ofereceram a oficina “Deficiência Intelectual”. Houve também a oficina “Meio Ambiente e Sustentabilidade” desenvolvidas pelas professoras Edinalva Alves Silva Sampaio, Ionária Régia de Souza e Magda Oliveira Mangabeira Feitosa, representantes do Núcleo Municipal de Estudos das Ciências. Essas quatro oficinas aconteciam simultaneamente e foram repetidas nos dias seguintes.

Na terça-feira, as professoras Ionária Régia de Souza e Magda Oliveira Mangabeira Feitosa proferiram a palestra “Fundamentos, conceitos e práticas em Educação Ambiental na Escola”. No dia 27, o tema abordado foi “Discutindo a Importância da Educação Inclusiva nas Escolas”, sob a responsabilidade da escritora Rossana Ramos. Na quinta-feira, a ativista do movimento dos direitos das mulheres, a professora Socorro Lacerda, discorreu sobre a Educação para as Relações Étnico-raciais. No último dia do evento os participantes ouviram três convidados, começando pela professora Carla Theófilo abordando a temática Educação para os Direitos Humanos e Cidadania, enfatizando os Direitos da Criança e do Adolescente. Em seguida, o professor Marcos Uchôa, pesquisador na área da Educação de Jovens e Adultos (EJA), palestrou sobre “EJA no projeto político pedagógico: ampliação da oferta e melhoria da qualidade”.

A culminância da formação ocorreu com a participação do estudante paralisado cerebral, da Escola Municipal Jacob Ferreira, Francisco Daniel, falando das suas experiências como atleta paraolímpico e a solene exibição do Hino de Petrolina.

Entre os participantes do VII Seminário estavam os professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Rede Municipal de Petrolina, a equipe de trabalho do Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Portadores de Necessidades Especiais (NAPPNE), os gestores das escolas municipais e representantes dos municípios de abrangência: Cabrobó, Carnaíba, Carnaubeira da Penha, Cedro, Floresta, Granito, Iguaraci, Ingazeira, Itacuruba, Lagoa Grande, Moreilândia, Ouricuri, Parnamirim, Quixaba, Santa Cruz, Santa Cruz da Baixa Verde, Santa Filomena, Serra Talhada.

A apresentação cultural da abertura foi organizada pelas professoras Maria José Félix e Rosilene Gomes. Os trabalhos da mesa foram coordenados pelas educadoras Janeide Moreira, Abília Francisca, Rita de Cássia, Luzinete Helena, Ednalva da Silva e Zélia Lopes. O credenciamento foi apoiado pelas servidoras Rosângela Oliveira, Cleonice Rodrigues, Elisiane Castro e Elexsandra Nogueira. A documentação fotográfica ficou sob a responsabilidade de Hélio de Araújo, Emília Fonseca e Maria Dinalva Campos dos Santos.

Em 2005, numa parceria com o Ministério da Educação (MEC), Petrolina passou a ser Município-Polo iniciando o Programa Direito à Diversidade, fomentando a implantação do Sistema de Educação Inclusiva nos 38 municípios de sua abrangência. A Secretaria Municipal de Educação e o MEC vem realizando o evento, contribuindo com a formação continuada dos profissionais de educação, em parceria com os sistemas públicos de ensino, para o desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos.

domingo, 6 de julho de 2014

Salas de Recursos Multifuncionais




As Salas de Recursos Multifuncionais das escolas municipais são os espaços onde é oferecido o Atendimento Educacional Especializado para os alunos com necessidades educacionais especiais. Geralmente, a sala é organizada com mobiliários, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos específicos para o atendimento dos alunos em horário oposto à escolarização. Uma dessas salas existe na escola Monsenhor Ângelo Sampaio, da Rede Municipal de Ensino de Petrolina, localizada no povoado do Bom jardim, em Uruás. Um dos alunos dessa unidade de ensino é Eduardo Amorim, de 9 anos, paralisado cerebral, cadeirante, matriculado no 2º ano do Ensino Fundamental, turma sob a regência da professora Gil. Eduardo tem grande dificuldade de se comunicar. Esse é o seu primeiro ano na escola, mas gradativamente, vai acontecendo a interação dele com os seus colegas. Além de frequentar a sala regular, Eduardo recebe o Atendimento Educacional Especializado (AEE), uma vez por semana, realizado pela professora de AEE Emília Fonseca. Segundo as palavras da sua mãe. Dona Vera, ele vem progredindo bem. Ao efetuar a matrícula de Eduardo, seu pai ficou tão feliz que saiu saltitando literalmente por saber que seu filho pela primeira vez ia frequentar uma escola como já fazia as demais crianças daquela comunidade.