Os professores Hélio de Araújo, Elisabete
Campinho e Lourença Zurildes, do setor de Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de
Petrolina, concluíram no dia 21 de fevereiro, o curso
de "Formação de Professores em Tecnologias de Informação e Comunicação
Acessíveis", que teve a duração de 180 horas, estruturado em seis módulos.
O curso objetivou: Aperfeiçoar e formar em serviço, na modalidade a distância, via
Internet, professores de escolas públicas inclusivas, com efetiva docência na
Educação Básica, na apropriação e aplicação pedagógica das Tecnologias da
Informação e da Comunicação no âmbito da Educação Especial; Desenvolver
competências para orientar, produzir, apoiar a utilização dos recursos
tecnológicos na construção ações pedagógicas em sintonia com a equipe de
Atendimento Educacional Especializado (AEE), nas unidades educativas e nos
municípios participantes; Utilizar, no contexto educativo, tecnologias de
informação, recursos (hardware e software) de acessibilidade e objetos de
aprendizagem, com criticidade e autonomia, para projetar a escola como
tempo-espaço integrador de instrumentos de inserção sociodigital; Experienciar,
projetar e desenvolver ações pedagógicas significativas mediadas pelas
tecnologias digitais de informação e de comunicação e de recursos (hardware e
software) de acessibilidade alicerçadas na premissa da inclusão social e
digital de sujeitos com necessidades educativas especiais no cenário
sócio-cultural contemporâneo; Forjar uma ação integrada - docente e equipe de
Atendimento Educacional Especializado (AEE) - visando a construção de
estratégias educativas para responder as diferentes demandas geradas pela
inserção da diferença nas instituições educativas que compõem o Ensino Regular.
De acordo com o
MEC, a
inclusão, como fenômeno social, tem suas raízes na cultura, extrapolando em
muito, os aspectos meramente escolares. A presença da heterogeneidade nos
diferentes espaços socioculturais tem, numa relação de imanência, projetado
políticas públicas de atenção à diversidade humana sob o tripé educação, saúde
e assistência social. A partir dessa perspectiva, uma forma muito
particularizada de abordar a deficiência orgânica ou a fragilidade psicológica
foi instituída – o aluno especial para a educação especial, o paciente para a
saúde, o beneficiário para a assistência social – produzindo ações isoladas e
projetos desarticulados que dificultaram o reconhecimento das múltiplas dimensões
da vida humana.
Hoje, a visão da deficiência engloba um
conjunto de aspectos que ultrapassam antigos conceitos. Essa mudanças na forma
de nomear as especificidades humanas, leva consigo a concepção da variabilidade
do homem e forja importantes deslocamentos. Do caráter permanente para
transitório, da visão de adaptar a pessoa com deficiência para viver na
sociedade para a inclusão, por meio da adaptação da sociedade, pela superação
das barreiras que impõe desvantagens na efetiva participação de sujeitos com
deficiência nos diferentes contextos socioculturais.
O respeito e a valorização da diversidade
humana efetiva-se por meio do deslocamento do verbo integrar, a simples união
de diferentes grupos, sem um projeto que institua um nova percepção para a diferença,
para o verbo incluir, um movimento que efetiva-se por meio de políticas
públicas que projetam e constroem a ação para o pertencer. Para que a
integração se configure em uma prática de inclusão, é preciso que bases
teóricas de respeito à heterogeneidade, é necessário que suportes
técnico-metodológicos para a mediação com a diferença sejam discutidos e
apropriados pela sociedade em sua totalidade e, em especial, por educadores e
gestores de sistemas escolares contemporâneos.
Embora, nos últimos anos, o crescimento na
área na inclusão sociodigital e escolar sejam inegáveis, ainda vivencia-se uma
realidade brasileira desfavorável para sujeitos com deficiência, fato
comprovado pela grande maioria dos sujeitos colocados na exterioridade de
processos educativos na rede escolar, por fragilidade na área sensorial ou
cognitiva. Soma-se a esse fato, a dura realidade das condições de trabalho
docente e a frágil formação dos professores, aspectos que têm impulsionado
posições reducionistas centradas nas limitações e nas dificuldades do sistema
de ensino regular em atender a diferença e a deficiência. Frente a isso, uma
mudança valorativa e atitudinal por parte de órgãos governamentais, educadores,
pesquisadores, e agentes sociais, levaram a conquista de um espaço para a
construção de respostas ao desafio de garantir o direito de todas as crianças
com deficiência a inclusão no ensino regular.
É reconhecido que o processo de inclusão
provoca mudanças na perspectiva socioeducacional, não somente para sujeitos com
deficiência mas, também, para todos os participantes que propiciam a
participação da diversidade humana no sistema escolar regular. A Educação
Inclusiva traz benefícios para a sociedade e para todos os envolvidos no
processo educativo - pais, alunos, professores -, pois, propicia a criação de
uma sala de aula e de uma escola na qual indivíduos aprendem a respeitar, a
compreender e a admirar as qualidades de todas as pessoas, independentes de
suas diferenças físicas e cognitivas, aspectos que possibilitam que a sociedade
com justiça e equidade social se efetive.
O Brasil vem desenvolvendo um processo de
inclusão desde 1992, quando uma nova política de fortalecimento da Educação
Especial foi estabelecida por meio da recriação da Secretaria de Educação
Especial (SEESP), na estrutura do MEC (Ministério da Educação) - Lei 8.490/92.
A garantia da educabilidade para todos passou a exigir dos professores do
ensino regular conhecimentos específicos sobre os alunos com deficiências, não
mais sob a luz do seu possível déficit, mas, fundamentalmente, na valorização
de suas potencialidades e possibilidades. Por meio das Políticas Públicas em
apoio à Educação Inclusiva e dos projetos de Formação Continuada de
Professores, o MEC assumiu como premissa a indissociabilidade da teoria-prática
e a concepção de um processo educativo que necessita ser transformado e
reinventado.
Das inúmeras possibilidades de recursos e de
formas de apoio que se apresentam no cenário educativo contemporâneo, as
tecnologias digitais têm revelado, em âmbito nacional e internacional, o grande
potencial do campo de saber da Informática na Educação Especial na
concretização de planos de ação para o Atendimento Educacional Especializado –
AEE. Entrelaçando tecnologias digitais de informação e comunicação com um
qualificado plano de atendimento especializado, um ajuste às especificidades e
à variedade de histórias de vida de sujeitos em processo educativo tem sido
desencadeado, permitindo que heterogeneidade e a diferença seja lida com
vantagem e não como prejuízo.
O saber e a materialidade das tecnologias
digitais de informação e comunicação têm possibilitado a construção de
interfaces para promover e impulsionar o desenvolvimento sociocognitivo desses
sujeitos. No entanto, recursos computacionais, por si só, não desempenham as
funções esperadas se não forem mediadas por professores capacitados.